sexta-feira, dezembro 12, 2003

Vou postar aqui um poema muito conhecido do Manuel Bandeira. Estou fazendo porque o momento pede. Por umas coisas que uns vão entender de um modo, outros de outro e que eu duvido ter plena compreensão.
    VOU ME EMBORA PRÁ PASÁRGADA

    Vou-me embora pra Pasárgada
    Lá sou amigo do rei
    Lá tenho a mulher que eu quero
    Na cama que escolherei
    Vou-me embora pra Pasárgada

    Vou-me embora pra Pasárgada
    Aqui não sou feliz
    Lá a existência é uma aventura
    De tal modo inconseqüente
    Que Joana a Louca de Espanha
    Vem a ser contraparente
    Da nora que nunca tive

    E como farei ginástica
    Andarei de bicicleta
    Montarei em burro bravo
    Subirei no pau-de-sebo
    Tomarei banhos de mar!
    E quando estiver cansado
    Deito a beira do rio
    Mando chamar a mãe-díágua.
    Pra me contar histórias
    Que no tempo de eu menino
    Rosa vinha me contar
    Vou-me embora pra Pasárgada

    Em Pasárgada tem tudo
    É outra civilização
    Tem um processo seguro
    De impedir a concepção
    Tem telefone automático
    Tem alcalóides à vontade
    Tem prostitutas bonitas
    Para gente namorar

    E quando eu estiver mais triste
    Mas triste de não ter jeito
    Quando de noite me der
    Vontade de me matar
    Lá sou amigo do rei
    Terei a mulher que eu quero
    Na cama que escolherei
    Vou-me embora pra Pasárgada.

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